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Publicado em 12-Abr-2016 às 15:03

Agro-alimentar prospera

No crescimento das exportações portuguesas do sector agro-alimentar, a PortugalFoods tem uma quota-parte de responsabilidade, à qual acresce uma atitude cada vez mais sofisticada, mais agressiva e reinventada para “enfrentar” mercados de maior valor por parte dos produtores nacionais.

 

Apesar dos desafios que se colocam ao sector, o agro-alimentar nacional tem prosperado. Dados provisórios de 2015 dão conta de que nas indústrias alimentares, bebidas e tabaco, as exportações representam 7,2% na economia, o que, segundo o presidente da PortugalFoods, Amândio Santos, “é mesmo a constatação de evolução ascendente ao longo dos últimos anos”.

O presidente desta associação formada por empresas, entidades do sistema científico e tecnológico nacional e por entidades regionais e nacionais, refere que o sector agro-alimentar depara-se com desafios de processo, de comunicação e de contexto externo.

 

Ao nível agro-alimentar, podemos considerar que há um Portugal diferente antes e depois do surgimento da PortugalFoods?

Sim, não tenho a menor dúvida! As exportações do sector agro-alimentar têm vindo a aumentar e tenho forte convicção de que a PortugalFoods tem uma quota-parte de responsabilidade nesse aumento. O que muito nos conforta, já que esse é o melhor retorno que podemos ter, isto é, o sucesso da indústria agro-alimentar nacional a nível internacional.

Tudo isto acontece como uma consequência das várias iniciativas que temos vindo a conseguir concretizar de uma forma recorrente e consistente, de suporte à internacionalização das empresas do sector agro-alimentar português, bem como no estímulo à inovação. Refiro-me especificamente aos vários formatos que desenvolvemos de promoção internacional: feiras, missões inversas, missões empresariais, e acções promocionais, sempre alicerçadas no conhecimento.

De referir ainda que a PortugalFoods desenvolveu uma estratégia de internacionalização para o sector agro-alimentar, com compromissos mensuráveis, tendo tido a coragem de apresentar este estudo ao sector, e que contou com o apoio e o envolvimento activo da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) e de muitas outras organizações sectoriais que foram convidadas a contribuir.

 

Como vê a indústria agro-alimentar?

Cada vez mais sofisticada, mais agressiva e reinventada para “enfrentar” mercados de maior valor acrescentado, potenciando o que de melhor se faz em Portugal e identificando aqueles mercados que melhor valorizam as vantagens competitivas dos produtos agro-alimentares portugueses.

 

No seu entender, para onde caminha o sector?

O sector caminha para a excelência e para um maior reconhecimento ao nível de mercados externos. Sentimos que o sector agro-alimentar português é cada vez mais fiável, onde a sua dimensão se traduz como uma vantagem, tornando-o mais flexível e responsivo ao nível da produção e customização das respostas face às solicitações externas.

 

Quais os desafios que se colocam ao sector agro-industrial em Portugal?

O sector agro-industrial português depara-se com desafios de diferente natureza, a destacar, por exemplo, desafios de processo, de comunicação e de contexto externo. A eficiência e optimização de processos é um deles, hoje há que fazer “mais com menos”, face às exigências dos mercados globais e aos desafios de competitividade; há ainda desafios de escala, face à dimensão nacional e capacidade produtiva disponível em determinados subsectores do agro-alimentar. Outra vertente está na linha da comunicação, há que dar continuidade ao trabalho da credibilidade da marca Portugal e da sua consolidação a nível internacional, bem como das marcas portuguesas do sector agro-alimentar, posicionando os produtos alimentares portugueses mais a jusante na cadeia de valor.

Temos também desafios associados aos mercados, e apesar de tudo o que já foi feito em termos de abertura de novos mercados, há ainda algumas barreiras que não foram ultrapassadas, nomeadamente alguns mercados em que Portugal não está ainda habilitado para exportar a nível internacional.

 

Que papel desempenha a inovação para responder a esses desafios?

A inovação tem um papel determinante, já que vai permitir alavancar a indústria na linha da diferenciação dos seus produtos/serviços e processos, permitindo destacar-se internacionalmente, bem como colocar os seus produtos em patamares de maior valor acrescentado.

 

As empresas nacionais estão mais voltadas para inovar no cultivo e produção de alimentos, em produzir novos alimentos/sabores ou em melhorar aspectos de marketing e de design dos produtos?

As empresas nacionais estão cada vez mais voltadas para a inovação, é um facto, não apenas num único aspecto individual, mas sim tentando que a inovação surja de uma forma transversal: seja incremental ou disruptiva. Obviamente que dependendo da área de actividade de cada organização, pode haver aspectos que se salientam mais, em detrimento de outros, mas uma coisa é certa, cada vez mais a inovação é interiorizada pelas organizações e transversal a todas as unidades do negócio. Aquilo que se verifica é que a inovação está patente tanto ao nível da produção agrícola, como do processo de transformação, passando por uma forte presença no desenvolvimento de novos produtos, e por novos formatos de comunicação, comercialização e de marketing.

A PortugalFoods, por entender que este é um aspecto crucial no sucesso das organizações, cada vez mais estimula o sector nesta vertente, pela gestão de um observatório de inovação e conhecimento, espicaçando o sector, oferendo aos seus associados o que de mais inovador se faz a nível mundial no sector agro-alimentar. Este estímulo é também materializado por outras vias como, por exemplo, pela promoção de parcerias entre os geradores de conhecimento (universidades e institutos de IDT) e a indústria.

 

Qual o peso da indústria agro-alimentar na economia em 2015? Que contributo dá o sector para o PIB e para a criação de emprego?

O portal GlobalAgriMar do GPP, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), disponibiliza dados relativos à importância do comércio agro-florestal e pescas no comércio internacional, e, no caso das indústrias alimentares, bebidas e tabaco, as exportações representam 7,2% na economia (dados provisionais de 2015). No entanto, e mais importante do que a análise do valor individual, é mesmo a constatação de evolução ascendente ao longo dos últimos anos. O contributo das indústrias alimentares, bebidas e tabaco para o PIB é de 2,4%, e no caso do emprego é de 2,3% (ambos dados de 2014). De igual modo há que salientar a evolução positiva em ambos os rácios.

 

No que respeita à exportação dos produtos portugueses, como tem sido a evolução dos negócios por parte dos vossos associados?

Estes dados são um pouco voláteis e estão sempre a mudar, felizmente numa rota crescente, mas do conhecimento da PortugalFoods e face ao contacto próximo que vamos tendo com as indústrias nossas associadas, constatamos que há uma agitação muito grande a nível internacional e cada vez mais as exportações têm vindo a aumentar. As empresas acompanham-nos nas várias iniciativas internacionais ou nacionais, via feiras, missões ou pela via dos importadores que trazemos a Portugal. A adesão é imensa e o feedback que temos vindo a recolher é mais do que positivo, é muito revelador e reconfortante. A PortugalFoods sente que os associados estão claramente a dar cartas a nível internacional.

 

Que apoios estatais e outros têm tido, a PortugalFoods e os seus associados, para facilitar a internacionalização dos seus negócios? Consideram esses apoios suficientes ou podiam e deviam ser mais intensos?

A PortugalFoods recorre a apoios estatais que se materializam na promoção externa das empresas agro-alimentares portuguesas, ou em categorias de produtos portugueses, e sem dúvida que esses apoios são determinantes na concretização dos nossos objectivos e no cumprimento da promoção e internacionalização hop over to this website. Não obstante, deparamo-nos diariamente com limitações associadas às percentagens de financiamento. Estes apoios, embora muito meritórios, não são suficientemente abrangentes a todas as tipologias de actividade. Ou seja, é de realçar o forte impacto causado pela não elegibilidade das indústrias do pescado, ficando excluídas destes apoios, bem como das grandes empresas. Num contexto internacional estas exclusões têm fortes impactos ao nível da competitividade das empresas, já que colocam Portugal numa posição de desvantagem em relação a outros países.

 

A PortugalFoods tem vindo a lamentar “a carga burocrática” existente no país. O que há a fazer para facilitar a vida das empresas? Têm encontrado vontade do Estado para rever as disposições que consideram dificultar o crescimento dos negócios?

Hoje, as entidades oficiais nacionais estão imbuídas de um espírito de apoio aos processos e sentimos que vivemos um momento em que a burocracia vai dando origem à facilitação conjunta tendo em vista esta resolução.

 

Quais devem ser as apostas estratégicas das empresas portuguesas da fileira agro-alimentar para potenciarem os seus negócios além-fronteiras?

As apostam devem centrar-se em diferenciação de produto, procurando geografias que mais valorizam os atributos dos produtos portugueses, indo ao encontro das novas tendências mundiais de mercado e consumo, mas, acima de tudo, posicionando os produtos portugueses mais a jusante nas cadeias de valor, conferindo-lhes um maior valor acrescentado.

 

A preferência do mercado interno por produtos nacionais é importante, antes da conquista de novos mercados? O que se pode objectivamente fazer para levar os portugueses a optar pela produção nacional?

A abordagem é complexa e a solução provavelmente passa por uma acção concertada em várias frentes. Claramente que o preço tem um peso muito forte no processo de decisão de compra. Ainda assim, uma forte sensibilização por via de comunicação e marketing dirigida ao consumidor com componentes com esse foco podem ter um forte impacto, associadas a políticas agrícolas de suporte ao sector primário, para ganhos de escala e para fazerem face aos mercados globais.

 

Face a uma situação económica nacional debilitada, considera que o preço dos produtos é ainda um factor decisivo nas escolhas do consumidor nacional? E o que devem fazer as empresas da fileira agro-alimentar a este nível?

Esta pergunta em parte já foi coberta na resposta anterior. Mas sim, e por mais sensibilizado que esteja o consumidor e receptivo a apoiar a oferta nacional, no final do mês a sua disponibilidade financeira tem um peso muito elevado nos processos de decisão de compra. É entendimento da PortugalFoods que a indústria tem de se munir de ferramentas que lhe permitam actuar de uma forma muito eficiente, competitiva e com ganhos de escala, e identificando produtos de maior valor acrescentado, permitindo-lhes ganhar competitividade no mercado global, não só internacionalmente, mas também a nível nacional.

 

Qual a importância da inovação e investigação académica na valorização dos produtos nacionais nos mercados internacionais?

Numa sociedade tão baseada no conhecimento como a que vivemos actualmente, a PortugalFoods entende que a inovação é determinante e a base do sucesso. A aproximação aos centros do saber permite às empresas reinventarem-se e endogeneizarem o conhecimento nas suas estruturas, melhorando os seus processos produtivos, produtos e mesmo processos internos.

 

Quais as metas a curto prazo que a PortugalFoods quer atingir, para si, enquanto associação, e para as empresas e instituições de investigação que a integram?

A PortugalFoods pretende cada vez mais aproximar e consolidar esta relação empresa-universidade, por via das várias tipologias disponíveis de projectos de IDT, ou de prestação de serviços. Esta abordagem tem uma dimensão nacional, mas não só, actualmente a PortugalFoods está envolvida em iniciativas de carácter internacional para internacionalizar o conhecimento, promovendo igualmente o envolvimento das empresas e/ou universidades nestas redes internacionais.

 

Que avaliação faz das relações entre os associados da PortugalFoods e as instituições bancárias nacionais, em particular, com as que integram o grupo Crédito Agrícola?

O Crédito Agrícola é um parceiro natural do sector primário, com mais de 100 anos de actuação no mercado, compreende o sector e isso vê-se no aumento do crédito atribuído pelo Crédito Agrícola ao sector primário. É ainda de realçar o papel da seguradora do Crédito Agrícola na cobertura do risco ao sector primário.

 

Que papel desempenha a banca nacional na inovação e transformação da indústria agro-alimentar nacional?

É notória a aproximação da banca em matéria de inovação, os prémios que vemos surgir actualmente são a melhor evidência disso. Claramente a indústria nacional precisa da banca e a banca de indústria, pois é quem gera valor e negócio, como tal, todas as iniciativas de suporte à inovação e diferenciação têm ingredientes de sucesso.