Publicado em 12-Abr-2017 às 16:39
Reflorestar o mercado com uma cultura de inovação
A valorização do empreendedorismo na área florestal é uma prioridade para que se possam instituir perfis de inovação que gerem novas oportunidades de negócio.
A fileira florestal, em particular a sua componente produtiva, possui “um elevado défice de conhecimento, muitas vezes até de domínio básico, uma deficiente divulgação de resultados da investigação e de incorporação de conhecimento”.
Quem o diz é Nuno Calado, secretário-geral da UNAC – União da Floresta Mediterrânica.
De acordo com este responsável, a inovação incremental ou mais disruptiva, de processo ou de produtos, é verdadeiramente essencial para o reforço da competitividade dos produtores florestais.
Ainda mais, quando estes estão perante um contexto de múltiplos. “A actividade florestal decorre num ambiente de crescente susceptibilidade ao risco, por exemplo, devido às tendências de agravamento das alterações climáticas”, assinala Nuno Calado.
O secretário-geral da UNAC explica ainda que há uma insuficiente investigação florestal e a ausência de uma cultura propícia à inovação, algo que pode ser constatado por uma análise a diversos documentos com referências ao Sistema de Investigação e Inovação (Lei de Bases da Política Florestal, Plano de Acção para o Sector Florestal, Agenda Estratégica de Investigação Nacional para o Sector Florestal, Estratégia Nacional para as Florestas, entre outros), de iniciativa pública ou privada. Nuno Calado considera que “é preciso incentivar a produção de conhecimento e de inovação, a par da sua transferência, de forma a ultrapassar um conjunto de problemas já diagnosticados, estruturais ou conjunturais, e de oportunidades”.
E é nesse sentido que é importante dinamizar e participar em iniciativas como o Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola e os Ateliers de Inovação. “Sendo distintas, ou com objectivos diferenciados, são iniciativas complementares naquilo que é uma das prioridades da fileira florestal: ultrapassar a crónica ausência de uma cultura propícia à inovação”, sustenta o secretário geral da UNAC.
Como júri na categoria Floresta, o responsável espera fomentar “uma colaboração que lhe permite o contacto directo coma inovação na fileira”. Segundo ele, este prémio assume uma particular relevância para a divulgação e a valorização do empreendedorismo e inovação florestal, uma vez que dá visibilidade a uma fileira em que a produção e a difusão de conhecimento científico e tecnológico têm um papel decisivo no seu fortalecimento, em particular a sua componente da produção, a qual tem sido negligenciada.
Quanto aos Ateliers de Inovação, a expectativa de Nuno Calado é a de que os promotores de projectos com potencial de inovação, muitas vezes assentes em parcerias que integram universidades, organizações de produtores florestais, adquiram competências específicas para o desenvolvimento dos seus projectos.
“É preciso incentivar a produção de conhecimento e de inovação, a par da sua transferência, de forma a ultrapassar um conjunto de problemas já diagnosticados, estruturais ou conjunturais, e de oportunidades.”
Nuno Calado, UNAC